Israel amplia ataques e mira petróleo e gás do Irã em 2º dia do conflito

Israel amplia ataques e mira petróleo e gás do Irã em 2º dia do conflito - Israel mira infraestrutura energética iraniana, fundamental para a economia do país. Negociações nucleares com os Estados Unidos são oficialmente canceladas.Israel bombardeou o Irã pelo segundo dia consecutivo neste sábado (14/06), ampliando sua ofensiva militar e mirando pela primeira vez a indústria de petróleo e gás do país, vital para a economia iraniana.
Segundo veículos iranianos, Israel atingiu a refinaria de gás South Pars, no Golfo Pérsico. A agência Tasnim informou que parte da produção de gás foi suspensa após o ataque. A South Pars é um dos maior campo de gás natural do mundo e é fundamental para a produção energética do Irã.
A Companhia de Gás de Fajr Jam e uma refinaria de petróleo na cidade de Asalouieh, ambas no sul do Irã, também sofreram bombardeios. Uma nuvem de fumaça foi vista próxima à refinaria de petróleo de Abadan.
Um general iraniano, Esmail Kosari, disse que Teerã está avaliando se deve fechar o Estreito de Ormuz, que controla o o ao Golfo para os petroleiros.
As preocupações com uma possível interrupção das exportações de petróleo da região já haviam elevado o preço do barril em cerca de 7% na sexta-feira, quando ataques israelenses atingiam apenas instalações nucleares e alvos militares. O temor é que uma guerra mais ampla também tenha efeitos devastadores sobre a economia global.
Ao longo do dia, ataques israelenses também atingiram cidades como Tabriz, no noroeste do país, Kermanshah, Khorramabad e Teerã. Na capital, autoridades iranianas disseram que cerca de 60 pessoas, incluindo 29 crianças, foram mortas em um bombardeio a um prédio residencial de 14 andares. Israel afirmou ter atingido mais de 150 alvos até o momento.
O Irã, por sua vez, respondeu lançando uma nova leva de mísseis contra Israel, atingindo cidades como Haifa e Jerusalém.
Na noite de sexta-feira, o país já havia disparado projéteis contra seu rival, matando pelo menos três pessoas e ferindo mais de 170. Sirenes de alerta aéreo levaram israelenses a se abrigarem enquanto uma bateria de mísseis cruzava o céu.
Apesar de a retaliação iraniana ter causado danos em centros urbanos, como Tel Aviv, a maioria dos projéteis e drones disparados contra Israel foi interceptada antes de atingir seus alvos.
Netanyahu rechaça moderação
Em um discurso em vídeo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, rejeitou os apelos internacionais por moderação no conflito. "Vamos atingir cada local e cada alvo do regime dos aiatolás. O que eles sentiram até agora não é nada comparado ao que está por vir nos próximos dias", afirmou.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, também alertou o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, que "Teerã vai pegar fogo" se continuar disparando mísseis contra civis.
"O ditador iraniano está tomando os cidadãos iranianos como reféns, criando uma realidade na qual eles, e especialmente os moradores de Teerã, pagarão um alto preço pelos danos flagrantes infligidos aos cidadãos israelenses", disse, em comunicado.
Os militares israelenses prometeram estender a ofensiva e disseram que seus caças estão "prontos para retomar os ataques a alvos em Teerã". Na primeira onda de ataques, as Forças Armadas utilizaram aviões de guerra e drones para atacar instalações importantes e matar generais e cientistas de alto escalão, incluindo o chefe do Estado-Maior do Exército e o chefe da Guarda Revolucionária paramilitar do Irã.
O embaixador do Irã na ONU disse que 78 pessoas foram mortas e mais de 320 ficaram feridas nos ataques. Neste sábado, autoridades iranianas atualizaram o número de oficiais e cientistas envolvidos em pesquisas nucleares mortos: mais dois generais, além dos três anunciados ontem, e um total de nove cientistas.
Israel afirmou que o bombardeio era necessário antes que o Irã se aproximasse da construção de uma arma atômica. Um dia antes, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) advertira o país por não cumprir à risca o tratado para impedir o desenvolvimento de armas nucleares.
Negociações interrompidas
Os ataques desestabilizaram as negociações entre os Estados Unidos e o Irã sobre um acordo atômico dias antes de reunião marcada para este domingo. O Irã disse neste sábado que não faz sentido manter o diálogo diante do conflito em curso. O anfitrião Omã confirmou que a próxima rodada de negociações foi cancelada.
O presidente americano Donald Trump e seu homólogo russo, Vladimir Putin, conversaram por 50 minutos neste sábado, segundo o Kremlin. Putin condenou a operação israelense e Trump descreveu os eventos no Oriente Médio como "muito alarmantes". Ambos os líderes, no entanto, afirmaram não descartar um retorno às negociações sobre o programa nuclear iraniano.
Apesar de contribuir com a interceptação de mísseis disparados contra Israel, os EUA mantém a posição de que não participam do conflito em curso.
Entre as instalações iranianas afetadas, está a maior usina de enriquecimento de urânio do Irã, de Natanz. Grande parte do complexo é subterrâneo, mas a infraestrutura acima do solo da usina foi destruída, segundo o chefe do AIEA, Rafael Grossi.
O Irã informou à AIEA que as instalações nucleares de Fordow e Isfahan, no centro do país, também foram atingidas.
Imagens de satélite analisadas pela agência de notícias Associated Press confirmam que bases de mísseis no Irã também foram danificadas, uma em Kermanshah e outra em Tabriz, ambas no oeste do Irã.
Alerta para outros países
Teerã busca impedir o apoio de outros países à defesa de Israel, e alertou enfaticamente os EUA, o Reino Unido e a França de que suas bases militares e navios serão alvos caso ajudem a bloquear a retaliação iraniana.
Trump e o presidente francês, Emmanuel Macron, disseram que ajudarão Israel a impedir retaliações iranianas.
O governo do Reino Unido afirmou que suas forças não forneceram assistência militar a Israel, já que o primeiro-ministro, Keir Starmer, enfatizou a necessidade de uma redução da tensão. Apesar disso, o premiê disse que enviou jatos ao Oriente Médio para "apoio de contingência" após o Orã ameaçar atacar as bases britânicas.
sf/gq (AP, EFE, ots)