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Israel x Irã: escalada militar sem precedentes entre arquirrivais entra no terceiro dia consecutivo

15/06/2025 05h26

Israel realizou neste domingo (15) novos ataques contra o Irã após disparos de mísseis iranianos no norte do território israelense, no terceiro dia de uma escalada militar sem precedentes entre os dois arquirrivais.

O Irã ativou sua defesa aérea contra os ataques de Israel na noite de sábado em nove províncias, incluindo Teerã, depois que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu atingir "todos os alvos do regime".

O presidente iraniano, Masud Pezeshkian, advertiu que haverá "uma resposta mais severa e poderosa" se o Exército israelense continuar com seus ataques mortais.

Israel iniciou na sexta-feira bombardeios ao Irã em locais militares e nucleares, que deixaram dezenas de mortos, incluindo cientistas nucleares e altos comandantes da Guarda Revolucionária iraniana - exército ideológico do país - além de centenas de feridos.

No sábado, o Exército israelense informou sobre disparos de mísseis em resposta aos ataques provenientes do Irã, e convocou a população a ir para os abrigos.

A Força Aérea de Israel atacou, entre sábado e as primeiras horas de domingo, vários complexos da defesa iraniana, entre eles dezenas de lançadores de mísseis, o Ministério da Defesa e locais relacionados a "projetos de armas nucleares".

Vamos atacar "todos os alvos do regime dos aiatolás", afirmou Netanyahu, dizendo contar com o apoio explícito do presidente americano, Donald Trump.

"Infligimos um verdadeiro golpe ao programa nuclear" do Irã, acrescentou.

Mas Israel também foi alvo de fogo por parte do Irã.

O Exército israelense havia solicitado no sábado à noite que a população se confinasse em abrigos após detectar "disparos de mísseis vindos do Irã".

Mais tarde, o nível de alerta foi reduzido, e os israelenses foram instruídos a sair dos abrigos, embora as autoridades tenham recomendado "permanecer próximos" a eles, disse o Exército em comunicado.

O espaço aéreo de Israel permanece fechado pelo terceiro dia consecutivo.

O Magen David Adom, equivalente à Cruz Vermelha em Israel, confirmou em comunicado "a morte de uma mulher de cerca de 20 anos resgatada dos escombros" de uma casa em Haifa, no norte do país. O serviço informou mais cedo sobre "14 feridos em uma casa [...] na Galileia Ocidental, um deles em estado grave".

Em Jerusalém e na cidade de Hebron, na Cisjordânia ocupada, jornalistas da AFP viram mísseis sendo interceptados no céu noturno.

Bombardeios em Teerã    

O Irã anunciou na madrugada deste domingo que lançou uma nova salva de mísseis contra Israel em represália pelos bombardeios de sexta-feira contra seu território.

"Uma nova onda da operação Promessa Honesta 3 começou há alguns minutos", informou por volta das 03h10 locais (20h40 de sábado em Brasília) a televisão estatal iraniana.

A Guarda Revolucionária informou que "instalações de produção de combustível para os aviões de combate [israelenses] e centros de abastecimento de energia (...) foram atacados por drones e mísseis".

Por sua vez, os bombardeios israelenses tiveram como alvo dois depósitos de combustível em Teerã, informou na manhã deste domingo o ministério do Petróleo iraniano.

"O depósito de petróleo de Shahran (noroeste de Teerã) e outro no sul [da cidade] foram atacados pelo regime sionista", acrescentou.

Um jornalista da AFP viu o depósito de Shahran em chamas.

Também "a sede do Ministério da Defesa foi atacada. Um dos edifícios da sede foi levemente danificado", disse a agência iraniana Tasnim.

Negociação nuclear cancelada 

A nova rodada de negociações sobre o programa nuclear iraniano, que vinha sendo conduzida por Estados Unidos e Irã e estava prevista para domingo, foi cancelada.

Pezeshkian afirmou, em uma ligação com o presidente francês, Emmanuel Macron, que o Irã "não se sentará à mesa de negociações enquanto o regime sionista continuar com seus ataques".

Israel afirma dispor de informações de seus serviços de inteligência segundo as quais o Irã está se aproximando de um "ponto sem retorno" em seu avanço rumo ao desenvolvimento de uma bomba atômica.

Trump afirmou no sábado que ele e o presidente russo, Vladimir Putin, concordaram, em uma ligação telefônica, que a guerra entre Irã e Israel "precisa acabar".

Enquanto os apelos de líderes mundiais por moderação se multiplicam, o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, acusou Israel de precipitar o Oriente Médio em um "perigoso ciclo de violência".  

"Em busca de abrigo"  

O Exército israelense escreveu no domingo na rede social X que milhões de cidadãos "corriam em busca de abrigo ao soar as sirenes" em dezenas de cidades e comunidades de todo o país.

Foram registrados danos importantes na região de Tel Aviv, onde equipes de resgate informaram três mortos e dezenas de feridos.

"Estou (...) atônito com o que aconteceu", disse Eliyahu Bachar, morador de Ramat Gan, perto de Tel Aviv.

"Ouvimos um grande estrondo, sabíamos que era algo sério", relatou Tal Friedlander, outro residente.

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, advertiu que "Teerã vai ficar em chamas" se o Irã continuar disparando mísseis contra Israel.

Meios de comunicação iranianos informaram sobre ataques em várias províncias do noroeste e oeste, algumas das quais abrigam bases militares.

Um chefe da polícia iraniana e cinco membros da Guarda Revolucionária - o exército ideológico da República Islâmica - morreram no sábado em ataques no oeste e centro do país, segundo a imprensa local.

(com AFP)

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