Trump mantém temporariamente controle da Guarda Nacional contra protestos na Califórnia
O governo de Donald Trump obteve um adiamento temporário para manter o comando da Guarda Nacional da Califórnia pelo menos até terça-feira, após um dia de disputas legais sobre o envio de militares a Los Angeles para conter os protestos contra as batidas migratórias.
Novas manifestações estão previstas para o fim de semana.
Na quinta-feira, o juiz distrital Charles Breyer ordenou a devolução do controle da Guarda Nacional ao governador democrata do estado da Califórnia, após decidir que o envio dessas tropas de reserva pelo presidente era "ilegal".
O Departamento de Justiça criticou a decisão como "uma intrusão extraordinária na autoridade constitucional do presidente como comandante-em-chefe" e apelou imediatamente.
Pouco depois, uma corte de apelações suspendeu a decisão do juiz Breyer até uma audiência marcada para terça-feira, a fim de examinar o pedido do Departamento de Justiça.
Isso significa que Trump terá o controle da Guarda Nacional neste fim de semana na Califórnia, quando se esperam novos protestos.
As manifestações, em sua maioria pacíficas, começaram na semana ada devido às batidas realizadas pelo governo contra imigrantes sem documentos.
Também houve focos de violência, como o incêndio de táxis e o arremesso de pedras na polícia.
No entanto, os confrontos ficaram "muito distantes" da "rebelião" que o presidente descreveu para justificar sua decisão de enviar a Guarda Nacional, considerou o juiz Breyer.
"Suas ações foram ilegais. (...) Portanto, ele deve devolver imediatamente o controle da Guarda Nacional da Califórnia ao governador Gavin Newsom", decidiu o juiz.
Newsom, um democrata que mantém vários confrontos com o governo do presidente republicano, comemorou esta decisão inicial.
Trump "não é um monarca, não é um rei, e deveria parar de agir como se fosse", declarou.
- Mexicano morto sob custódia -
Trump ordenou o envio de 4.000 efetivos da Guarda Nacional e 700 fuzileiros navais para Los Angeles, apesar da objeção das autoridades locais, que, segundo Trump, haviam perdido o controle da cidade "em chamas".
É a primeira vez desde 1965 que um presidente dos Estados Unidos mobiliza a Guarda Nacional sem o consentimento de um governador local.
Os manifestantes em Los Angeles demonstraram seu descontentamento com as ações do presidente.
"O que me traz aqui? As pessoas que foram levadas, pessoas que não têm voz. Nós somos a voz dessas pessoas", disse Jasmine, segurando um cartaz que pedia "abolir o ICE", o Serviço de Controle de Imigração e Alfândega.
Trump não recuou e reiterou na sexta-feira que "salvou" Los Angeles e que "se não tivesse enviado os militares", a cidade "estaria em chamas neste momento".
A indignação pelas ações do governo desencadeou protestos em outras cidades, incluindo São Francisco, Chicago e San Antonio, Texas.
Na Geórgia, um cidadão mexicano morreu enquanto estava sob custódia em um centro de detenção do ICE, por causas que ainda não foram confirmadas, informou na quinta-feira o Ministério das Relações Exteriores do México.
- Cheira a totalitarismo -
A decisão judicial de Breyer ocorreu em meio a uma escalada entre o governo federal e o da Califórnia, fomentada pela expulsão, na quinta-feira, de um senador democrata durante uma coletiva de imprensa em Los Angeles.
Alex Padilla foi retirado à força quando tentava fazer perguntas à secretária de Segurança, Kristi Noem, que estava falando sobre as operações.
Imagens gravadas pela equipe de Padilla fora da sala mostram o senador sendo empurrado ao chão e algemado.
O incidente "cheira a totalitarismo", disse o líder da minoria no Senado, o democrata Chuck Schumer, que pediu uma investigação.
A Casa Branca argumenta que Padilla "avançou em direção à secretária Noem".
Trump venceu a eleição no ano ado após prometer deportações em massa de migrantes em situação irregular.
Mas sua política de repressão afeta indústrias que dependem fortemente da mão de obra estrangeira, como a agricultura.
O presidente disse na quinta-feira que pretendia "fazer algo" para proteger os imigrantes que trabalham nesses setores-chave.
"Vamos ter uma ordem sobre isso em breve, acho. Não podemos fazer isso com nossos agricultores e também com o setor de lazer, com os hotéis", acrescentou.
Os protestos nacionais previstos para sábado coincidirão com um desfile militar incomum ao qual Trump comparecerá em Washington.
O desfile, com aviões e tanques de guerra, é para celebrar os 250 anos da fundação do Exército dos Estados Unidos, mas também ocorrerá no dia em que Trump completa 79 anos.
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