Sanfoneiro e fã de Trump: quem é o ex-ministro de Bolsonaro preso hoje

Preso hoje sob suspeita de tentar obter um aporte português para Mauro Cid, Gilson Machado foi ministro no governo Bolsonaro.
Quem é Gilson Machado
Nascido no Recife, é médico-veterinário formado pela UFRPE. Mas foi no setor do turismo, como empresário, produtor de eventos e músico, que atuou por mais de 30 anos. Ele fundou nos anos 1990 a banda de forró Brucelose —nome de uma doença que afeta o gado. Depois, tornou-se proprietário de pousadas em São Miguel dos Milagres (AL) e em Ipojuca (PE).
Foi presidente da Embratur e ministro do Turismo. Machado assumiu a agência brasileira de promoção internacional do turismo em 2019 e permaneceu até 2020, quando virou ministro. Retornou à presidência do órgão em 2022, já no fim do governo.
Ele ganhou notoriedade nacional ao tocar sanfona nas lives que Bolsonaro fazia durante a Presidência. Em uma delas, durante a pandemia, tocou "Ave Maria", em uma homenagem às vítimas da covid-19.
Esse lado musical, como sanfoneiro, foi uma marca em sua atuação pública durante sua agem pelo governo. Ele costumava tocar músicas nordestinas, em eventos oficiais e informais, tentando se conectar com o público nordestino.
Apoiado pelo ex-presidente, foi derrotado nas urnas duas vezes. Foi candidato ao Senado por Pernambuco em 2022 e à prefeitura do Recife em 2024. Em ambas ficou em segundo lugar: teve 29,5% dos votos como senador e 13,9% como prefeito.
Ele participou de um evento com o então presidente eleito Donald Trump, nos EUA, em novembro do ano ado. O objetivo era traçar estratégias de fortalecimento da direita no Brasil, buscando alinhar ações com o retorno do republicano ao poder. Machado foi com Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ao evento em Mar-a-Lago, na Flórida.
O ex-ministro lançou uma campanha via Pix para arrecadar dinheiro para Bolsonaro. Nas redes sociais, ele afirmou que o ex-presifente precisa de ajuda para pagar advogados e médicos e ajudar Eduardo, que se licenciou da Câmara e se mudou para os Estados Unidos. Bolsonaro tem duas aposentadorias públicas, uma do Exército e outra da Câmara, e recebe dinheiro do PL, partido ao qual é filiado. Em 2023, ele arrecadou mais de R$ 17 milhões via Pix, segundo o relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
A prisão
Machado foi preso por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF. A investigação aponta que ele teria tentado conseguir um aporte português para Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, com o objetivo de facilitar uma eventual saída do país.
Segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República), ele é suspeito de integrar uma rede de obstrução das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado. O pedido de abertura de inquérito foi feito após a Polícia Federal reunir indícios de que o ex-ministro atuou para atrapalhar a instrução do processo em curso no Supremo.
A defesa nega qualquer irregularidade. Gilson afirmou que procurou o consulado português por telefone apenas para agendar a renovação do aporte de seu pai e que não teve qualquer intenção de beneficiar Cid.
*Com informações de matérias publicadas em 08/11/2024, 11/11/2024, 18/05/2025 e 06/06/2025.