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Empresário poderoso: quem é Benjamin Steinbruch, que comandou Jockey de SP

O empresário Benjamin Steinbruch - Flavio Florido/UOL
O empresário Benjamin Steinbruch Imagem: Flavio Florido/UOL
do UOL

Colaboração para o UOL

11/06/2025 05h30Atualizada em 11/06/2025 20h10

Considerado um dos empresários mais poderosos do país, Benjamin Steinbruch comandou o Jockey Clube de SP até 2024 e tentou viabilizar um projeto para evitar a desapropriação do hipódromo, que acumula mais de R$ 1 bilhão em dívidas e deve virar parque público.

O que aconteceu

Nascido no Rio de Janeiro, em 1953, Steinbruch é formado em istração pela FGV e iniciou a carreira como vendedor de tecidos. Seu pai, Mendel, fundou a Vicunha em 1967, junto com o irmão Eliezer e o empresário Jacks Rabinovich, que deixou a sociedade em 2005.

Benjamin Steinbruch preside hoje os conselhos da Vicunha Steel, da CSN Mineração e do Banco Fibra, ampliando sua influência em setores como siderurgia, têxtil, financeiro e de logística. Ele ainda integra o Conselho Econômico e Social do Estado de São Paulo, a Câmara Portuguesa de Comércio e, até recentemente, mantinha atuação na Fiesp. Em 2018, lançou a CSN Inova, plataforma voltada à inovação tecnológica do grupo.

Entre 2013 e 2017, mais de 40 executivos de alto escalão deixaram a CSN. Paulo Caffarelli, ex-presidente do Banco do Brasil, chegou a propor um plano de desinvestimento, mas enfrentou resistência de Steinbruch, que manteve o controle estratégico do grupo.

Steinbruch ocupa o topo da lista de bilionários da indústria brasileira, segundo a Forbes Brasil 2023. Com fortuna estimada em R$ 10 bilhões, ele aparece na 30ª posição do ranking geral de mais ricos do país e lidera o setor industrial, à frente de nomes como Carlos Sanchez (Grupo NC) e Elie Horn (Cyrela). A maior parte de seu patrimônio está vinculada à CSN, uma das 30 maiores empresas do Brasil, com atuação em siderurgia, mineração, energia e logística.

Em 2018, seu nome foi cotado como vice de Ciro Gomes. Filiado ao PP e próximo a Ciro Nogueira, Steinbruch deixou a vice-presidência da Fiesp após desentendimento com Paulo Skaf, que foi pego de surpresa pela filiação partidária. À época, ele dizia estar disposto a ser ministro ou até suplente de senador e defendia uma agenda de política industrial.

No campo societário, protagonizou uma disputa familiar na Justiça. Em 2018, destituiu os primos do bloco de controle da Vicunha Steel, desrespeitando um acordo de acionistas firmado em 1994. A Justiça deu ganho de causa a Benjamin em 2019, reforçando seu poder sobre a CSN e os demais ativos do grupo.

A família de Steinbruch tem um vinhedo em um haras na região de Solís de Mataojo, no Uruguai. Segundo o portal de notícias Alô Alô Bahia, o vinho do empresário fez sucesso na Bahia no verão 2025. Ainda segundo o portal, a estância do empresário possui toda infraestrutura de um hotel de campo: quartos com decoração primorosa, sala de degustação e cozinha superequipada, além de uma patisserie.

Steinbruch presidiu o Jockey Club de São Paulo entre 2017 e 2024, período em que o clube acumulou mais de R$ 1 bilhão em dívidas e ou a ser alvo de desapropriação pela Prefeitura. O terreno na Cidade Jardim, um dos mais valiosos da capital paulista, deve ser transformado em parque público. Durante seu mandato, Steinbruch articulou com políticos e empresários um plano urbanístico que poderia salvar o clube, mas o projeto fracassou.

A tentativa de salvar o Jockey

Durante sua gestão, Steinbruch participou de reuniões com João Doria, Marconi Perillo, Rodrigo Garcia e vereadores paulistanos para viabilizar um plano urbanístico bilionário para o Jockey. O projeto permitiria construir empreendimentos de luxo em troca da quitação da dívida e da criação de um parque com o público. A proposta previa apartamentos de alto padrão, uma arena esportiva, lojas de luxo e manutenção das corridas de cavalo em horários específicos.

O plano esbarrou em resistências políticas e nunca foi votado na Câmara. Segundo apuração do colunista Marco Antonio Sabino uma frase mal colocada em uma das reuniões teria melado o acordo político para viabilizar o plano urbanístico do Jockey, que buscava evitar a desapropriação do clube. Com o projeto travado, o clube perdeu a chance de resolver o ivo de forma negociada. Ao longo dos anos, acumulou dívidas que hoje ultraam R$ 1 bilhão, sendo R$ 830 milhões apenas com a Prefeitura.

Enquanto o interior do clube foi transformado em Zepam (Zona Especial de Proteção Ambiental), o entorno recebeu autorização para prédios de até 10 andares. A nova classificação ambiental impede construções dentro do hipódromo, por ser considerada área verde de interesse público. Já as quadras vizinhas aram por flexibilizações no zoneamento, o que gerou valorização imediata dos terrenos e abriu espaço para empreendimentos imobiliários. Terrenos na rua Dr. José Augusto de Queiroz foram adquiridos por construtoras, e há suspeitas de valorização antecipada. A nova classificação ambiental proíbe novas construções no hipódromo e abre caminho legal para sua conversão em parque público.

Transição no comando

Steinbruch deixou a presidência do Jockey Club em 2024. Segundo o site oficial do clube, ele foi sucedido por Marcelo Arthur Motta Ramos Marques, que assumiu a função em meio à crise financeira e ao processo de desapropriação.

O novo presidente assume o clube em meio a um cenário delicado: dívida confessada em juízo, zoneamento restritivo e projeto de parque já pronto na Prefeitura. O plano prevê integração com os parques Villa-Lobos, Bruno Covas e do Povo, com arelas para pedestres, quadras, pistas de corrida e até um lago. Os cavalos permaneceriam apenas para atividades de equoterapia.

O clube ainda recebe recursos públicos por conta do tombamento de parte de sua estrutura. Entre 2018 e 2024, foram R$ 64 milhões pagos pela Prefeitura para preservação do patrimônio histórico. A aplicação desses valores é fiscalizada pelo Departamento de Patrimônio Histórico.

*Com informações de matérias publicadas em 10/06/2025, 08/06/2018 e 01/06/2019.

Nota ao UOL

A diretoria do Jockey Club de São Paulo lamenta, mais uma vez, não ter sido procurada pelo UOL para esclarecer informações erradas que foram publicadas na matéria. Com relação à dívida da entidade, é importante ressaltar que, ao contrário do que foi afirmado, grande parte foi quitada no período em que Benjamin Steinbruch esteve à frente da diretoria. A gestão comandada por Steinbruch ainda promoveu investimentos importantes na promoção da atividade turfística e a revitalização dos espaços físicos.

A realidade em relação à discussão de IPTU é que a prefeitura vêm cobrando valores indevidos, sem critérios claros ou respaldo legal adequado, apesar das tentativas do clube de uma solução justa e transparente. Mesmo depois do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ter determinado, em duas ocasiões, que o Município revise e recalcule os valores cobrados, a Prefeitura continua perpetuando uma narrativa equivocada de inadimplência do Jockey. Lamentavelmente, o Município de São Paulo vem se submetendo à especulação imobiliária disfarçada de interesse público, distorcendo uma questão essencialmente jurídica.

Como foi afirmado anteriormente, nunca ocorreu a mencionada reunião para, supostamente, viabilizar um plano urbanístico bilionário para o Jockey. À época, o ex-senador Marconi Perillo não mantinha nenhuma relação com a entidade. Também causa estranheza que não se tenha notícia de uma visita, naquele período, do então governador paulista recém-eleito, João Dória, à Câmara Municipal.

Recentemente a própria secretária de Urbanismo e Licenciamento da Prefeitura de São Paulo, Elisabete França, lembrou, em entrevista publicada no Metro Quadrado, que a área do Jockey foi classificada como Zona Especial de Proteção Ambiental (ZEPAM). Além disso, a maior parte da área do clube - cerca de 90% - é patrimônio histórico tombado e deve ser preservado, incluindo as estruturas arquitetônicas e até mesmo a grama do hipódromo.

Como importante marco na história paulistana, o Jockey Club seguirá desempenhando atividades turfísticas regularmente para manter viva essa tradição centenária de significativo impacto cultural, social e econômico para a cidade de São Paulo e para todo o País.

Jockey Club de São Paulo

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