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UnitedHealth mira acordo de US$1 bi para deixar América Latina, dizem fontes

09/06/2025 15h41

Por Tatiana Bautzer e Sabrina Valle

NOVA YORK (Reuters) - O UnitedHealth Group está avaliando várias ofertas por suas operações na América Latina, de acordo com duas fontes, à medida que a seguradora tenta se reestruturar após uma série de reveses sem precedentes, incluindo a saída de seu presidente-executivo e uma suposta investigação criminal contábil.

Desde 2022, a maior seguradora de saúde dos Estados Unidos tenta deixar a América Latina, mas a venda da Banmédica ganhou urgência maior nos últimos meses, com a empresa enfrentando dificuldades em várias frentes, segundo uma das fontes.

O novo presidente-executivo, Steve Hemsley, disse a acionistas na semana ada que está determinado a reconquistar a confiança deles, após a empresa divulgar resultado abaixo do esperado e o Wall Street Journal publicar que o grupo estaria sendo investigado criminalmente por suposta fraude no Medicare.

A UnitedHealth tem dito que não foi notificada pelo Departamento de Justiça norte-americano e que confia na integridade de suas operações.

Hemsley substituiu Andrew Witty poucos meses após o assassinato do CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson, ocorrido em dezembro, em Nova York, enquanto ele caminhava para uma reunião com investidores. Witty era presidente-executivo do UnitedHealth Group desde 2021.

A empresa recebeu quatro ofertas não vinculantes pela subsidiária Banmédica, que atua na Colômbia e no Chile, de cerca de US$1 bilhão, segundo as fontes. A UnitedHealth deixou o Brasil em 2023 e o Peru em março. Agora, o grupo busca arrecadar cerca de US$1 bilhão com a venda das operações da Banmédica na Colômbia e no Chile, disseram.

Ainda de acordo com as fontes, a companhia espera fixar um prazo para receber ofertas vinculantes já em julho.

A UnitedHealth recebeu propostas da gestora de private equity Acon Investments, sediada em Washington, D.C.; do Patria Investimentos, com sede em São Paulo; da organização de saúde sem fins lucrativos Christus Health, do Texas; e da peruana Auna, fornecedora de serviços de saúde e seguros sediada em Lima, disseram as fontes. A Auna está em negociações com um parceiro financeiro, acrescentou uma das fontes.

O lucro anual antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Banmédica ultraa US$200 milhões.

O Patria e a Christus Health não comentaram. UnitedHealth, Acon e Auna não responderam aos pedidos de comentários.

PLANOS DE EXPANSÃO FRACASSADOS

A UnitedHealth comprou a Banmédica em 2018, com o então CEO, David Wichmann, afirmando que estava "estabelecendo uma base para o crescimento na América do Sul nas próximas décadas".

Na época, a UnitedHealth pagou cerca de 12 vezes o Ebitda da Banmédica, segundo uma das fontes. Três anos depois, a seguradora decidiu deixar a América Latina, ao enfrentar prejuízos em sua maior operação na região, a brasileira Amil, adquirida uma década antes. A empresa se desfez de suas operações no Brasil no final de 2023.

Atualmente, a Banmédica é rentável, mas é considerada muito pequena pela UnitedHealth. A operação atende mais de 2,1 milhões de consumidores por meio de seus planos de saúde e tem cerca de 4 milhões de atendimentos por ano em sua rede de 13 hospitais e 143 centros médicos.

A UnitedHealth registrou uma perda de US$8,3 bilhões no ano ado relacionada à venda de suas operações na América do Sul -- US$7,1 bilhões devido à saída do Brasil e US$1,2 bilhão da Banmédica.

"Essas perdas estão relacionadas à nossa saída estratégica dos mercados sul-americanos e incluem perdas significativas ligadas aos efeitos de conversão cambial", disse a empresa em um documento apresentado em fevereiro.

O BTG Pactual está assessorando a UnitedHealth na venda.

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