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Crise política em Israel pode derrubar coalizão de Netanyahu

21.fev.2025 - O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu - Reprodução/X @Netanyahu
21.fev.2025 - O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu Imagem: Reprodução/X @Netanyahu

Henry Galsky, em Israel

09/06/2025 06h58

Os partidos ultraortodoxos judaicos que hoje compõem a coalizão podem abandonar o governo em breve. Pode ser o início de uma crise política capaz de levar à antecipação de eleições em Israel que estão previstas para ocorrer apenas em outubro de 2026. No centro da crise está a necessidade por parte do Exército de Israel de recrutar mais jovens ao serviço militar, o que inclui também os membros da comunidade ultraortodoxa do país que, até agora, são praticamente isentos da convocação.

Uma reunião entre Yuli Edelstein, presidente do Comitê de Relações Exteriores e Segurança, e representantes dos chamados "haredim", os judeus ultraortodoxos, não produziu qualquer acordo sobre o projeto de lei cujo objetivo é recrutar mais jovens desta comunidade.

Um dos principais líderes espirituais haredi, o rabino Hirsch, pode ordenar em breve a retirada do partido Degel HaTorá, uma das facções do partido Judaísmo Unido da Torá (UTJ), da coalizão de governo. O UTJ no total tem sete membros do Knesset, o parlamento israelense. Sozinho, portanto, a saída do UTJ ainda não seria capaz de derrubar o governo, uma vez que a coalizão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu possui 68 das 120 cadeiras do parlamento.

A expectativa, para além do anúncio, é que o Shas, outro partido da ultraortodoxia judaica, que tem 11 cadeiras, siga o mesmo caminho. Se isso ocorrer, a coalizão perderia um total de 18 cadeiras, portanto ficando em minoria no parlamento e forçando a convocação de novas eleições.

Oposição a Netanyahu se prepara

Os judeus ultraortodoxos não querem ter a obrigação de prestar serviço militar, como o restante da sociedade, e defendem que seus jovens se dediquem apenas aos estudos da Torá. Importante dizer que, apesar dessas ideias conceituais, há membros da ultraortodoxia judaica em Israel que servem ao exército.

Em resposta a este movimento político, os partidos de oposição Yesh Atid, Yisrael Beytenu e Os Democratas afirmam que apresentarão um projeto de lei para a dissolução do Knesset na próxima quarta-feira, dando ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu este prazo, até quarta, para tentar resolver a questão, além do período que levaria para o projeto de recrutamento de mais jovens ultraortodoxos ser votado pelo parlamento.

De acordo com o Escritório Central de Estatísticas (CBS, em inglês), a população ultraortodoxa representa 13,5% dos cerca de dez milhões de israelenses. A taxa de crescimento atual desta parte da sociedade é de 4%, a maior entre todos os grupos do país.

Ao final desta década, a estimativa é que os ultraortodoxos representem 16% da população total. Segundo o Instituto de Democracia de Israel (IDI), a taxa de pobreza é de 44% entre este segmento da sociedade, enquanto entre o restante dos israelenses é de 22%.

O barco de Greta

Na madrugada de domingo para segunda, a Marinha israelense assumiu o controle do barco Madleen, no qual viajavam a ativista Greta Thunberg e mais 11 pessoas. Não houve confronto entre as forças de Israel e os ageiros.

O Ministério das Relações Exteriores divulgou imagens do convés mostrando soldados de Israel distribuindo água e sanduíches aos ativistas da "Flotilha da Liberdade" e declarou: "Todos os ageiros estão seguros; o show acabou".

A embarcação foi direcionada para o porto de Ashdod, no sul de Israel. A partir daí, os ativistas serão deportados para seus países de origem.

O ministro da Defesa Israel Katz orientou ao exército que mostre aos participantes da flotilha o vídeo que registra os ataques cometidos pelo Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023.

Cerca de duas horas antes da abordagem ao navio, ativistas pró-palestinos alegaram que barcos da Marinha israelense estavam cercando a embarcação. Em vídeos postados nas redes sociais, era possível ouvir alarmes disparando.

No entanto, depois disso, o brasileiro Thiago Ávila, líder da flotilha, disse que os barcos haviam se afastado.

Durante a viagem do barco de Greta Thunberg, a RFI conversou com uma autoridade militar israelense sobre a possibilidade da embarcação chegar à Faixa de Gaza. De forma anônima, esta pessoa afirmou que isso não iria acontecer. "Não vai chegar", limitou-se a dizer sem dar mais explicações sobre o assunto.

Questionada se não seria possível permitir que o barco atracasse em Gaza com o suprimento de ajuda humanitária que transporta, a fonte disse que esta seria uma decisão complicada a ser tomada, uma vez que poderia incentivar mais embarcações a fazer o mesmo trajeto.

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