Forças israelenses apreendem barco de ajuda a Gaza que transportava Greta Thunberg
Por Crispian Balmer e Rami Amichay
(Reuters) - As forças navais israelenses abordaram e apreenderam uma embarcação de caridade que tentou romper o bloqueio naval da Faixa de Gaza, nesta segunda-feira, e o barco com sua tripulação de 12 pessoas, incluindo a ativista Greta Thunberg, estava se dirigindo a um porto em Israel.
O barco de bandeira britânica Madleen, que é operado pela Coalizão da Flotilha da Liberdade (FFC) pró-Palestina, tinha como objetivo entregar uma quantidade simbólica de ajuda a Gaza na segunda-feira e aumentar a conscientização internacional sobre a crise humanitária no local.
No entanto, a embarcação foi abordada durante a noite antes que pudesse chegar à costa, disse a FFC em sua conta no Telegram. O Ministério das Relações Exteriores de Israel confirmou posteriormente que o barco estava sob controle israelense.
"O 'iate de selfie' das 'celebridades' está chegando em segurança à costa de Israel. Espera-se que os ageiros retornem aos seus países de origem", escreveu o ministério no X.
Todos os ageiros estavam seguros e ilesos, acrescentou o ministério mais tarde. "Eles receberam sanduíches e água. O show acabou."
Entre os 12 membros da tripulação estão a ativista climática sueca Thunberg e Rima Hassan, integrante sa do Parlamento Europeu.
TRIPULAÇÃO PRESA
"A tripulação da Flotilha da Liberdade foi presa pelo Exército israelense em águas internacionais por volta das 2h da manhã", publicou Hassan no X. Uma fotografia mostrava a tripulação sentada no barco, todos usando coletes salva-vidas, com as mãos para cima.
O barco está transportando um pequeno carregamento de ajuda humanitária, incluindo arroz e fórmula infantil. O Ministério das Relações Exteriores disse que a carga seria levada a Gaza. "A pequena quantidade de ajuda que estava no iate e não foi consumida pelas 'celebridades' será transferida para Gaza por meio de canais humanitários reais", escreveu.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, ordenou aos militares no domingo que impedissem que o Madleen chegasse a Gaza, chamando a missão de um esforço de propaganda em apoio ao Hamas.
Katz disse que havia instruído que, na chegada do barco ao porto de Ashdod, seriam mostrados aos ativistas vídeos de atrocidades cometidas durante o ataque liderado pelo Hamas ao sul de Israel que desencadeou a guerra de Gaza.
O Hamas condenou a apreensão do barco como "terrorismo de Estado".
Israel impôs um bloqueio naval ao enclave costeiro depois que o Hamas assumiu o controle de Gaza em 2007 para impedir que armas chegassem ao grupo militante, que é designado como uma organização terrorista por Israel e pelo Ocidente.
O bloqueio permaneceu em vigor durante vários conflitos, incluindo a guerra atual, que começou quando militantes do Hamas invadiram o sul de Israel em 7 de outubro de 2023, matando mais de 1.200 pessoas e fazendo 251 reféns, segundo os cálculos israelenses.
Desde então, a ofensiva de retaliação de Israel contra o Hamas matou mais de 54.000 palestinos, de acordo com autoridades de saúde em Gaza, istrada pelo Hamas, e deixou sua população de mais de 2 milhões de pessoas em grande parte deslocada e em risco de fome, segundo as Nações Unidas.
A relatora especial das Nações Unidas para os direitos humanos nos territórios palestinos, sca Albanese, apoiou a operação da FFC e, no domingo, pediu a outros barcos que desafiem o bloqueio de Gaza.
"A jornada do Madleen pode ter terminado, mas a missão ainda não acabou. Todos os portos do Mediterrâneo devem enviar barcos com ajuda e solidariedade a Gaza", escreveu ela no X.
(Reportagem de Crispian Balmer em Jerusalém, Rami Amichay em Ashdod, Yomna Ehab e Enas Alashray no Cairo)