Topo
Notícias

Moraes interroga réus e arranca riso até de Bolsonaro; veja bastidores

do UOL

Do UOL, em Brasília

09/06/2025 19h59Atualizada em 09/06/2025 22h42

O primeiro dia de interrogatório dos réus do "núcleo crucial" da trama golpista teve segurança reforçada e momentos de descontração do ministro Alexandre de Moraes, que conduziu a sessão no STF (Supremo Tribunal Federal).

O que aconteceu

O ex-presidente Jair Bolsonaro chegou cedo e mostrou ansiedade. Um dos primeiros a chegar, ele ficou trancado no banheiro do gabinete da Primeira Turma do STF assistindo a vídeos. Depois andou de um lado para o outro na sala, com os braços cruzados, demonstrando ansiedade e conversando somente com os advogados até o início da sessão. Ao longo do interrogatório, fez várias anotações e ou a maior parte do tempo de braços cruzados.

Réus ficaram "isolados". Eles estão proibidos de conversar entre si, então se limitaram a falar com os próprios advogados.

Comida só no intervalo. Os depoimentos começaram às 14h e seguiram até as 20h. O STF não permitiu que réus, advogados ou jornalistas entrassem com comida no plenário. Tampouco ofereceu algum alimento. Somente por volta das 17h Moraes fez um intervalo de 15 minutos.

Café para todos. O STF montou uma mesa com café e água na entrada do plenário para jornalistas e advogados. Já os réus eram atendidos em suas mesas por um garçom durante os depoimentos. O mesmo garçom servia Moraes e o procurador-geral da República, Paulo Gonet. Bolsonaro aceitou cafezinho pelo menos duas vezes.

Médicos do STF acompanharam depoimentos. Com a sala de sessões cheia, dois integrantes da equipe oficial de médicos da corte acompanharam a tarde de depoimentos. A medida é praxe em eventos com grande número de pessoas.

Bolsonaro fala com a imprensa

Bolsonaro entrou calado, mas falou no intervalo. O ex-presidente não quis dar declarações ao chegar ao Supremo, mas no intervalo comentou os cenários das pesquisas eleitorais e desconversou sobre o depoimento de Mauro Cid.

Ex-presidente tentou descontrair, mas itiu que "não queria estar ali". Ele afirmou que iria deixar para falar mais somente quando fosse depor.

Segurança reforçada. O STF reforçou a segurança do prédio onde está o plenário da Primeira Turma, o chamado anexo 2B, conhecido informalmente como "igrejinha" pelo seu formato. Além dos detectores de metal e aparelhos de raio X que ficam nas entradas dos prédios, o tribunal colocou um equipamento extra em frente ao elevador no subsolo e outro na porta do plenário. Ao sair do elevador, a pessoa ava por mais uma revista.

Mesa separada para o delator. Réus e advogados sentaram, em dupla, em mesas colocadas uma ao lado da outra. A disposição foi feita por ordem alfabética. A exceção foi o delator: Mauro Cid estava com seu advogado em uma mesa fora dessa ordem. Por causa da colaboração premiada, prestou depoimento antes dos outros acusados.

Fux foi o único ministro que acompanhou presencialmente. Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Flávio Dino não estavam presencialmente. Apenas Luiz Fux marcou presença, que ou a maior parte do tempo fazendo anotações e ficou até o final.

Moraes descontraído

Bolsonaro estava sério, mas riu de piada de Moraes. Ele deu risadas quando Moraes, logo no início dos questionamentos a Cid, fez uma piada sobre a possibilidade de ser preso, caso o golpe tivesse sido efetivado. Mauro Cid contou que Bolsonaro se sentou com o auxiliar Filipe Martins para editar a minuta golpista. Segundo Cid, Bolsonaro "enxugou o documento, retirando a prisão de autoridades". "Somente o senhor ficaria preso", disse Cid a Moraes. "O resto conseguiria um habeas corpus", respondeu o ministro.

Defesa de Bolsonaro toca áudio de mensagem de Cid. O ex-ajudante de ordens relata reuniões que o então presidente teve com o general Pazuello e com empresários bolsonaristas. Ao final, Moraes pergunta, em tom descontraído, ao advogado Celso Vilardi, que defende Bolsonaro, se ele queria "aditar a denúncia" e incluir os empresários na denúncia.

Advogado tem "momento Alexandre de Moraes". Demóstenes Torres, da defesa do almirante Garnier, pede para fazer uma pergunta exigindo uma resposta "sim ou não" para Cid. O ministro concordou e depois ainda perguntou: "Satisfeito?", arrancando mais risadas.

Atitude de Moraes rendeu risos dos presentes ao longo da sessão. Até o final, quando o advogado do general Heleno pediu para a sessão começar mais tarde, após as 9h de amanhã, para ele "minimamente poder jantar", o ministro respondeu que sim, "às 9h02". O horário foi mantido.

Notícias