Argentina está pronta para boom de fusões e aquisições sob Milei, com foco em energia, diz PwC
Por Eliana Raszewski e Peter Henderson
BUENOS AIRES (Reuters) - O mercado de fusões e aquisições da Argentina poderá crescer significativamente nos próximos anos se as reformas econômicas do presidente Javier Milei continuarem, disse à Reuters Juan Tripier, diretor de fusões e aquisições e finanças corporativas da PricewaterhouseCoopers (PwC) Argentina.
Investidores demonstraram interesse renovado na Argentina após as medidas de Milei, que incluem reduções acentuadas na inflação e nos gastos públicos, um superávit fiscal restaurado e controles cambiais relaxados.
"Há dois ou três anos, quando você entrava em contato com uma empresa internacional, um investidor internacional, Argentina era uma palavra ruim. Isso mudou desde que Milei se tornou presidente", disse Tripier em uma entrevista à Reuters em Buenos Aires.
"Há muito entusiasmo", acrescentou. "Esse entusiasmo é compartilhado tanto por participantes internacionais, ou investidores internacionais, quanto por participantes locais."
Tripier disse que, dentro de três a cinco anos, a Argentina poderá superar os anos anteriores de pico de fusões e aquisições, quando houve de 120 a 150 transações anuais, com atividade diversificada em setores como agronegócio, alimentos e infraestrutura.
Historicamente, os negócios da Argentina envolvendo empresas multinacionais eram dominados por energia, mineração e tecnologia, embora agora se espere que os investidores estrangeiros expandam para outros setores.
Em 2024, a Argentina registrou 99 acordos de fusões e aquisições, o maior número desde 2019, com valores de transação atingindo US$8 bilhões - máxima desde 2017, segundo dados da PwC.
Apesar do aumento, os investidores continuam cautelosos devido às restrições persistentes de repatriação de dividendos e ao alto risco do país.
"Agora que você conversa com investidores no exterior, eles analisam as oportunidades. Antes eles diziam: Não, a Argentina está fora do espectro. Agora eles analisam o investimento e dizem: Quero esperar e ver se a economia realmente se consolida", disse Tripier.
Vaca Muerta, a segunda maior reserva de gás não convencional do mundo e a quarta maior reserva de petróleo, localizada na província de Neuquén, é um dos principais atrativos da Argentina.
"Com o aumento dos investimentos não apenas no desenvolvimento de produção, mas também em infraestrutura - gasodutos, usinas de processamento e projetos de gás natural liquefeito - esperamos realinhamentos com o objetivo de diversificar a exposição dos produtores, com alguns comprando e outros vendendo", disse o advogado de energia José Martinez de Hoz, da Martinez de Hoz & Rueda.
(Reportagem de Eliana Raszewski)