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Nunes contraria vice e planeja jardim em vez de estacionamento no Minhocão

Prefeitura inicia construção de jardineira sob o Minhocão - Adriana Ferraz/UOL
Prefeitura inicia construção de jardineira sob o Minhocão Imagem: Adriana Ferraz/UOL
do UOL

08/06/2025 17h27Atualizada em 08/06/2025 20h34

A Prefeitura de São Paulo iniciou a construção de jardineiras na rua Amaral Gurgel, debaixo do elevado Presidente João Goulart, o Minhocão. A gestão Ricardo Nunes (MDB) também promete instalar bancos e pontos para aluguel de bicicleta no local, na contramão do que pretendia o vice-prefeito, coronel Mello Araújo (PL). Ao UOL, Mello Araújo havia garantindo que os jardins seriam intercalados na via com novos bolsões de estacionamento para carros. A informação, no entanto, foi desmentida pela prefeitura.

O que aconteceu

Nunes viu projeto semelhante na China e resolveu replicar em SP. A intervenção ocorre no trecho entre as ruas General Jardim e Marquês de Itu, mas seguirá por outros quarteirões entre o Largo do Arouche e a rua da Consolação. Segundo projeto obtido pela reportagem, plantas trepadeiras também serão cultivadas nas paredes e pilastras do Minhocão, que hoje expõem grafites. A intenção é seguir modelo existente na Avenida 23 de Maio.

'Soluções baseadas na natureza', segundo a prefeitura. Em nota, a istração afirmou que a requalificação da rua Amaral Gurgel prioriza "soluções baseadas na natureza". Comandada pela Secretaria das Subprefeituras, a ação envolverá inicialmente o trecho entre as ruas Santa Isabel e Cunha Horta, que receberá floreiras, ponto de aluguel de bicicletas e jardins de chuva — ligados à rede de drenagem superficial para aumentar a área permeável da região. A ciclovia existente será mantida.

Projeto atual contraria planos de vice-prefeito. Enquanto o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), cumpria agenda oficial na Ásia, em meados de abril, Araújo ordenou a construção de quatro vagas de estacionamento sob o Minhocão, entre as ruas General Jardim e Major Sertório. Hoje, ele garantiu à reportagem que a proposta seria expandida, com apenas uma mudança: as vagas seriam intercaladas com jardineiras.

População aprovou vagas de estacionamento, afirma Mello Araújo. Segundo o vice-prefeito, o projeto-piloto liderado por ele foi aprovado pela população. "O teste, tão criticado pela imprensa, foi aprovado pela população. É por isso que ampliaremos o número de vagas e agora com a instalação de um ponto de táxi e jardins em toda a extensão", disse. Questionada, a gestão Nunes desmentiu a informação. Ao menos no trecho em questão não há qualquer intenção de fazer novos bolsões de estacionamento.

O croqui inicial não previa jardim, só vagas para carro. Não havia menção a jardineiras, pontos de locação de bicicletas ou bancos de uso comum no croqui utilizado por funcionários da obra no final de abril. Naquela época, a intervenção era comandada por Mello Araújo e revelava cálculos para a instalação de 16 vagas no sentido centro e nove no sentido bairro.

Expansão iria contra alerta da própria prefeitura. A ampliação do bolsão de estacionamento, que permite manobras de entrada e saída de automóveis no canteiro central da via, afetaria a fluidez e a segurança da operação de ônibus no corredor, segundo a Secretaria Municipal de Transportes (SPTrans). A pasta classificou o projeto como "totalmente inviável" em resposta a ofício da vereadora Renata Falzoni (PSB) obtido pelo UOL.

Vereadores contrários ao projeto acionaram a Justiça. Enquanto Nunes e Araújo não chegam a um consenso, os vereadores Nabil Bonduki (PT) e Renata Falzoni (PSB) acionaram a Justiça contra as quatro vagas de estacionamento existentes hoje no local. Segundo os parlamentares, a medida prioriza o uso de automóveis, na contramão do que prevê o atual Plano Diretor de São Paulo, e ainda dificulta a circulação de ciclistas no local. A ação ainda não foi analisada.

Prefeitura 'corrige' informação e agora anuncia bolsão para táxis

Após a publicação da reportagem, a gestão Nunes enviou nova nota ao UOL, na qual ressalta que não há qualquer divergência entre o prefeito e o vice. A Secretaria das Subprefeituras teria falhado ao não mencionar que existe também a previsão de se instalar um bolsão para taxistas na rua Amaral Gurgel, como informou Mello Araújo.

"A Secretaria das Subprefeituras informa que divulgou o projeto de revitalização da Rua Amaral Gurgel incompleto. A pasta não incluiu o quarteirão entre as ruas Santa Isabel e Jaguaribe. No trecho está previsto um bolsão de táxi, cuja viabilidade está em consulta no Departamento de Transportes Públicos (DTP)", informa nota.

O vice-prefeito também se manifestou. Afirmou que a revitalização da área debaixo do Minhocão terá um "misto de tudo" — incluindo novas vagas para carros — e que a equipe de comunicação da prefeitura não havia considerado o todo, mas apenas uma parte do projeto. "Você verá", completou.

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