Empurrar problemas para emendas virou fetiche do governo, diz Rodrigo Maia

A crise do IOF levou o governo a propor novas medidas pela redução do imposto, que parece ter um fetiche em empurrar todos os seus problemas para as emendas parlamentares, e todo orçamento acaba também sendo prejudicado, avaliou Rodrigo Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras, em entrevista ao Mercado Aberto de hoje.
Vai bater no orçamento inteiro, não é só nas emendas, essa coisa de empurrar todos os problemas para as emendas parlamentares, acho que virou um fetiche.
Como se o gasto público do governo fosse 100% de qualidade. Se fosse, o Brasil estaria reduzindo desigualdade mais rápido do que infelizmente a gente vem reduzindo.
Rodrigo Maia
O ex-deputado disse que a Medida Provisória proposta pelo governo tem seus pontos positivos, como a melhoria do atestado médico, mas se posicionou contra o aumento de impostos.
Eu acho que tem coisas meritórias na medida provisória, a melhoria do atestado médico, que hoje está gerando uma despesa muito grande, porque o volume de atestados cresceu muito, então limitar a 30 dias. Acho que tem coisas positivas.
Mas tudo que trata de aumento de imposto, eu sou contra, sempre fui como parlamentar, como representante de setor privado. Eu acho que o Brasil já paga muito imposto, não dá para ficar defendendo e falando, não, esse ponto de aumento de carga tributária é bom, esse é ruim.
Se bets é ruim, acaba com a bet, mas sair tributando, porque no final essa tributação acaba impactando o próprio consumidor, coitado, que está caminhando para um vício horroroso, que é o vício do jogo.
Rodrigo Maia
Para Maia, o ideal seria manter a carga tributária em 33% do PIB, corrigindo distorções e redistribuindo o peso entre os contribuintes.
O impacto na sociedade é isso, o crédito fica mais caro, tanto a pessoa física quanto a pessoa jurídica vão ter pelos juros ou pelos impostos.
Então é óbvio que a decisão do governo, se tiver voto, é uma decisão política, democrática, mas é óbvio que, por um volume de carga tributária de 33% do PIB, resolver a simetria, como fala o ministro Haddad de forma correta e que tem feito um bom trabalho, seria melhor manter a carga de 33%. Resolvendo a simetria, aumentando de quem paga pouco e reduzindo de quem está pagando acima da média da alíquota efetiva de cada um dos impostos no país.
Rodrigo Maia
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